2 de novembro de 2011

A culpa não é sua, deixa assim...

 É do olhar de recriminação que tenho medo, sei que não deveria, principalmente levando em conta toda a minha biografia escrita a superação de conflitos vencidos, mas não consigo deixar de temer o pensamento e julgamento alheio. Não é simplesmente medo do preconceito da sociedade opressora, é não aceitar algo que condeno, que não quero pra mim.
Sei que não deveria, mas não me imagino ali, não me encaixo naquela conversa, não me vejo naqueles beijos e nem quero imaginar a possibilidade de compartilhar aquela vida. Não preciso ser julgado por ter medo do julgamento, não quero ser vencido pela vontade alheia e me esconder nas minhas desculpas sem fundamento, mas preciso mais no que vontade, preciso querer.

Posso até "ver a vida melhor no futuro", mas como também diz o poeta, "eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia, que insiste em me dominar", mas se "a gente vive junto e a gente se dá bem" (...) e "não desejamos mal a quase ninguém", porque eu temeria o olhar curvado e pensar disciplinado de quem não tem nada a ver com isso? Por quê? Porque é assim que é e sempre será!

Chorar não adianta mais, porque já nem me lembro a ultima vez que as lágrimas me comoveram. Endureci por fora, não mostro, não adianta, não me exponho, sou como árvore cascuda e rude, cheia de vida por dentro e com aparência seca. A culpa não é sua, só não quero ter mais gente nessa confusão de invólucro que chamo de vida. Corri muitos desertos até chegar e foi isso que me fez assim.

Não posso sair, não chegaria a lugar algum com você, pararia no meio do caminho com as pernas presas, laçadas pelas línguas. Não me julgue você também, tão custoso foi chegar onde estou, não preciso de mais um na torcida contra, não preciso de mais um aliado virando oposto. Deixa assim como está, não precisamos mais que isso pra ficar bem, não preciso de mais desgosto com gosto de "já vi essa cena antes".

Deixa assim, vamos ver onde vou dar, fique você assistindo bem do alto o caminhar. Pois eu sei que observa enquanto vivo e vê os sorrisos escaparem, mas não participa, eu sei. Deixa ver o que será de mim, porquê o nós já nunca existiu mesmo. Quero tudo assim, do mesmo jeito, não sempre, mas por tempo ignorado. Quero tudo assim, sem  culpa, sem recriminação, sem gosto e sem dor. Deixa assim.

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