11 de setembro de 2013

Culpa

As pessoas querem passe-livre, não porque o transporte público é deficiente, mas para não precisarem pagar por ele. Querem facilidade para entrar na faculdade, não para compensar uma desigualdade social, mas para compensar a própria insegurança em concorrer.

As pessoas querem ser respeitadas mediante uma lei, não para que seja feita justiça de direitos, mas para que não seja feito o esforço de conquistar esse respeito mediante seu trabalho, seu mérito. Querem melhor educação não para uma nação melhor, mas para que seus filhos tenham melhores condições de vida e possam ter uma vida melhor que as delas.

As pessoas têm a mania de desviar seus reais interesses, quando, na verdade estão mais interessadas em resolver seu lado, facilitar as coisas para si. E qual o problema disso!?

Quem é humilde ou ajuda as pessoas não está, necessariamente, fazendo isso pelo bem do próximo, mas, muitas vezes, para sua própria "evolução espiritual". Caridade, muitas vezes, é um escape e compensação para aliviar a culpa por algo errado, ou pela "maldade" que possuímos em nós. Claro que não é sempre assim, existem muitas pessoas boas e que, muitas vezes, agem dessa forma sem perceber -mas acho que até nesses casos o motivo é muito mais do que agradar a si próprio, do que os outros-.

Nós somos seres egoístas por natureza, mas esse egoísmo não significa mesquinhez ou maldade, significa que temos tendência a pensar primeiro na gente, mesmo quando estamos pensando nos outros. Mesmo quando estamos fazendo o bem para alguém, fazemos o bem para a gente também.

Ser bom, ajudar, se identificar com a dor do outro vai muito além de querer ajudar, mas, muitas vezes, quer dizer que nós não queremos que tal coisa aconteça conosco e ajudar seria uma forma de compensar a culpa por sentir isso. Caridade existe, mas também existe nosso ego. Bondade faz parte de nós, mas a maldade e o egoísmo também. Cabe a nós usar tudo isso ao nosso favor e entender que somos os maiores beneficiados e, também, prejudicados. Sempre.


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